segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
A violeta é introvertida e sua introspecção é profunda.
Dizem que se esconde por modéstia. Não é.
Esconde-se para poder captar o próprio segredo.
Seu quase-não-perfume é glória abafada
mas exige da gente que o busque.
Não grita nunca seu perfume.
Violeta diz levezas que não se podem dizer.
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Clarice Lispector
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Declaração de Amor
( Prímulas)
Minha flor, minha flor, minha flor.
Minha prímula. Meu pelargônio.
Meu gladíolo. Meu botão-de-ouro.
Minha peônia. Minha cinerária.
Minha calêndula. Minha boca-de-leão.
Minha gérbera. Minha clívia. Meu cimbídio.
Flor flor flor.
Floramarílis. Floranêmona. Florazálea.
Clematite minha. Catléia delfínio estrelítzia.
Minha hortensegerânea.
Ah, meu nenúfar!
Rododendro e crisântemo e junquilho meus.
Meu ciclâmen. Macieira-minha-do-japão.
Calceolária minha. Daliabegônia minha.
Forsitiaíris tuliparrosa minhas.
Violeta… Amor-mais-que-perfeito.
Minha urze. Meu cravo-pessoal-de-defunto.
Minha corola sem cor e nome no chão de minha morte.
Carlos Drummond de Andrade
A flor e a fonte
"Deixa-me, fonte!" Dizia
A flor, tonta de terror.
E a fonte, sonora e fria,
Cantava, levando a flor.
"Deixa-me, deixa-me, fonte!
" Dizia a flor a chorar:
"Eu fui nascida no monte...
"Não me leves para o mar".
E a fonte, rápida e fria,
Com um sussurro zombador,
Por sobre a areia corria,
Corria levando a flor.
"Ai, balanços do meu galho,
"Balanços do berço meu;
"Ai, claras gotas de orvalho
"Caídas do azul do céu!...
Chorava a flor, e gemia,
Branca, branca de terror,
E a fonte, sonora e fria
Rolava levando a flor.
"Adeus, sombra das ramadas,
"Cantigas do rouxinol;
"Ai, festa das madrugadas,
"Doçuras do pôr do sol;
"Carícia das brisas leves
"Que abrem rasgões de luar...
"Fonte, fonte, não me leves,
"Não me leves para o mar!..."
As correntezas da vida
E os restos do meu amor
Resvalam numa descida
Como a da fonte e da flor...
Vicente Augusto de Carvalho
A flor do maracujá
Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá!
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá!
Pelas tranças de mãe-d’água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá!
Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá!
Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá!
Pelas florestas imensas,
Que falam de Jeová!
Pela lança ensangüentada
Da flor do maracujá!
Por tudo o que o céu revela,
Por tudo o que a terra dá
Eu te juro que minh’alma
De tua alma escrava está!…
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá!
Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em – á -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos, ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!
Fagundes Varela
quinta-feira, 4 de novembro de 2010
Flores
De um pequeno degrau dourado -, entre os cordões
de seda, os cinzentos véus de gaze, os veludos verdes
e os discos de cristal que enegrecem como bronze
ao sol -, vejo a digital abrir-se sobre um tapete de filigranas
de prata, de olhos e de cabeleiras.
Peças de ouro amarelo espalhadas sobre a ágata, pilastras
de mogno sustentando uma cúpula de esmeraldas,
buquês de cetim branco e de finas varas de rubis
rodeiam a rosa d'água.
Como um deus de enormes olhos azuis e de formas
de neve, o mar e o céu atraem aos terraços de mármore
a multidão das rosas fortes e jovens.
Arthur Rimbaud
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Canção da primavera
Parceria com flores
Todas minhas poesias, para escreve las,
tenho uma rica parceria com as estrelas,
e ainda conto com a ajuda do luar.
Mesmo que ela não fique completa
dispoe de bastante sorte, esse poeta
que também busca inspiração, em seu olhar.
Nos poemas onde vou falar sobre amores,
tenho lá, um jardim repleto de flores,
onde o que não falta, são palavras para rimar.
Entre tantas, de cor amarela ou vermelha,
para mim e como se fosse uma centelha,
onde frases lindas, já começam a brotar.
Numa roseira florida, ou mesmo numa muda,
também e fonte, onde vou buscar ajuda,
quando não a encontro numa canção.
Então junto sonhos, flores e as fantasias,
com carinho, vou montando belas poesias,
que são sempre aprovadas, por seu coração.
Gil de Olive
Poema florido e belo sobre a primavera
Perfil da Primavera
Marinheiro das estrelas absolutas,
eu me afogava no crepúsculo invisível das estátuas,
sonâmbulo tronco, como o ventre da última colmeia,
em que meninos inventavam o mundo,
entre o doce pânico do mel e o violino das abelhas.
Na paisagem de minha solidão lunar,
apenas o arco distendido das angústias.
Mas entre os corpos e a dança silenciosa,
o relâmpago de teus olhos serpenteou no infinito dos meus,
acordando as pálpebras assustadas do desejo
que brincavam na cereja púrpura do Campari,
como duas abelhas embriagadas.
Eras uma fogueira de jasmins incendiados,
como as espumas comovidas do oceano,
onde eu colhia o vinho, o trigo,
a rosa marítima de teus beijos.
Mas que anjo mágico ou pássaro planetário
esculpiu teus seios como quem inventa a febre,
o fogo, o lírio, a asa nua do prazer?
Que mecanismo fez teus lábios flor de açúcar,
gota de aurora, brisa vertiginosa das salivas?
Abraço teu corpo como quem abraça a primavera!
Recebo teus beijos como quem desfruta estrelas!
Estranha geografia a do teu corpo,
cuja pele habitam borboletas incendiadas
e onde os anjos açucarados das maçãs
fabricam a saudade a cada ausência,
como quem recolhe o perfume amarelo das laranjas:
entre a solene poesia e a infância transitória do silêncio!
Ah, amor!
O meu desejo é como um lírio acorrentado à lua,
a espera da bailarina ninfa do teu corpo.
Como um pássaro enamorado pelas nuvens
que descobre no infinito das manhãs
a pele macia da aurora nua.
(Nivaldo Lemos)
terça-feira, 28 de setembro de 2010
A história da música Flor de liz
Djavan teve uma mulher chamada Maria, os dois teriam uma filha que se
chamaria Margarida, mas sua mulher teve um problema na hora do parto
e ele teria que optar por sua mulher ou por sua filha...
Ele pediu ao médico que fizesse tudo que pudesse para salvar as duas,
mas o destino foi duro e a mulher e a filha faleceram no parto.
Agora é possível 'sentir' a letra da música. Conhecendo esta breve
história passamos a ouvir a música sob novo contexto, entendendo como
a dor pode ser transformada em poema e arte.
'Flor de Liz'
'Valei-me, Deus! É o fim do nosso amor
Perdoa, por favor, eu sei que o erro aconteceu.
Mas não sei o que fez, tudo mudar de vez.
Onde foi que eu errei?
Eu só sei que amei, que amei, que amei, que amei.
Será talvez que a minha ilusão, foi dar meu coração,
com toda força, pra essa moça me fazer feliz,
e o destino não quis, me ver como raiz de uma flor de liz.
E foi assim que eu vi nosso amor na poeira, poeira.
Morto na beleza fria de Maria.
E o meu jardim da vida ressecou, morreu.
Do pé que brotou Maria, nem Margarida nasceu.
E o meu jardim da vida ressecou, morreu.
Do pé que brotou Maria, nem Margarida nasceu...
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Primavera
É Primavera agora, meu Amor!
O campo despe a veste de estamenha;
Não há árvore nenhuma que não tenha
O coração aberto, todo em flor!
Ah! Deixa-te vogar, calmo, ao sabor
Da vida... não há bem que nos não venha
Dum mal que o nosso orgulho em vão desdenha!
Não há bem que não possa ser melhor!
Também despi meu triste burel pardo,
E agora cheio a rosmaninho e a nardo
E ando agora tonta, a tua espera...
Pus rosas cor-de-rosa em em meus cabelos...
Parecem um rosal!
Vem desprendê-los!
Meu Amor, meu Amor, é Primavera!...
Florbela Espanca
terça-feira, 21 de setembro de 2010
terça-feira, 3 de agosto de 2010
Jasmim
domingo, 1 de agosto de 2010
quinta-feira, 27 de maio de 2010
As flores
As flores - ah, as flores!
Elas ficam aí, como alguém as pôs
e não interferem no silêncio da imaginação.
De repente as descubro e me envergonho
de as não ter visto antes.
As flores, elas ficam assim
como quem chegou pelos fundos
e fazem tudo pra nos fazer felizes,
apesar de tudo.
As flores, querida,
são o recado que a gente tentou mandar
e não soube dizer.
(Luiz de Aquino)
terça-feira, 25 de maio de 2010
Este é o maio
quarta-feira, 7 de abril de 2010
Epigrama nº 11
Se eu fosse apenas...
Se eu fosse apenas uma rosa,
com que prazer me desfolhava,
já que a vida é tão dolorosa
e não te sei dizer mais nada!
Se eu fosse apenas água ou vento,
com que prazer me desfaria,
como em teu próprio pensamento
vai desfazendo a minha vida!
Perdoa-me causar-te a mágoa
desta humana, amarga demora!
– de ser menos breve do que a água,
mais durável que o vento e a rosa...
Cecilia Meireles
4º Motivo da Rosa
Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verás, só de cinza franzida,
mortas intactas pelo teu jardim.
Eu digo aroma até nos meus espinhos,
ao longe, o vento vai falando em mim.
E por perder-me é que me vão lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.
Cecilia Meireles
Pequena flor
Como pequena flor que recebeu uma chuva enorme
e se esforça por sustentar o oscilante cristal das gotas
na seda frágil e preservar o perfume que ai dorme,
e vê passarem as leves borboletas livremente,
e ouve cantarem os pássaros acordados sem angústia,
e o sol claro do dia as claras estátuas beijando sente,
e espera que se desprenda o excessivo, úmido orvalho
pousado, trêmulo, e sabe que talvez o vento
a libertasse, porém a desprenderia do galho,
e nesse temor e esperança aguarda o mistério transida
- assim repleto de acasos e todo coberto de lágrimas
há um coração nas lânguidas tardes que envolvem a vida.
Cecília Meireles
sexta-feira, 2 de abril de 2010
A rosa amarela
A mesma rosa amarela
Você tem quase tudo dela,
o mesmo perfume, a mesma cor,
a mesma rosa amarela,
só não tem o meu amor.
Mas nestes dias de carnaval
para mim, você vai ser ela.
O mesmo perfume, a mesma cor,
a mesma rosa amarela.
Mas não sei o que será
quando chega a lembrança dela
e de você apenas restar
a mesma rosa amarela,
a mesma rosa amarela.
Carlos Pena Filho
quarta-feira, 24 de março de 2010
Há sempre beija-flores
nos hibiscos
da casa da esquina,
Desde que seja outono,
há sempre hibiscos
na casa dos beija-flores,
a da esquina.
Na casa da esquina
há sempre beija-flores
no outono,
desde que haja hibiscos.
E desde que haja hibiscos,
beija-flores,
esquinas,
casas,
sou feliz por um momento.
Tércio Ribeiro de Moraes
terça-feira, 23 de março de 2010
É tão fundo o silêncio
segunda-feira, 22 de março de 2010
O outono
Coro das quatro estações:
Há tantos frutos nos ramos,
De tantas formas e cores!
Irmãs ! enquanto dançamos,
Saíram frutos das flores!
O Outono :
Sou a estação mais rica:
A árvore frutifica
Durante esta estação;
No tempo da colheita,
A gente satisfeita
Saúda a Criação,
Concede a Natureza
O premio da riqueza
Ao bom trabalhador,
E enche, contente e ufana,
De júbilo a choupana
De cada lavrador.
Vede como o galho,
Molhado inda de orvalho,
Maduro o fruto cai ...
Interrompendo as danças,
Aproveitai, crianças!
Os frutos apanhai!
Coro das quatro estações:
Há tantos frutos nos ramos,
De tantas formas e cores!
Irmãs ! enquanto dançamos,
Saíram frutos das flores!
Olavo Bilac
Quero todas as flores!
A flor mais bonita do jardim
A história das flores que se tranformaram em algo muito especial quando se juntaram em um buquê.
Quando o verão terminou, todas as flores do jardim queriam saber qual delas tinha sido a mais bonita:
As rosas disseram, "Nós somos as melhores porque fomos as primeiras flores a desabrochar na primavera".
As margaridas disseram: "Oh não, nós somos as melhores porque mostramos flores lindas durante todo o verão".
As grandes flores amarelas do crisântemo disseram: "Não sejam tolas, nós somos as melhores porque fomos as últimas a desabrochar no outono".
Cada flor se declarava a melhor de todas. Mas quando as pessoas vinham visitar o jardim, elas paravam as discussões. Todas ficavam quietas e se exibiam orgulhosas, para que o público dissesse que elas eram as melhores.
Um dia, o jardineiro veio ao jardim. As rosas afofavam suas pétalas para parecerem as melhores. As margaridas permaneciam eretas para parecerem as melhores. As flores do crisântemo se voltavam para o sol para parecerem as melhores. Cada uma estava certa de que o jardineiro a escolheria como a melhor. Mas o jardineiro apenas sorriu e disse: "Olhem todas as minhas lindas flores".
O jardineiro então pegou uma cesta e aí colocou as rosas. As rosas se acharam especiais porque foram as primeiras a serem colhidas. Mas as margaridas riram das rosas: Ha-Ha! Voces não são suficientemente belas para ficar no jardim".
A seguir o jardineiro colocou as margaridas na cesta, e as flores do crisântemo começaram a rir: "Nós dissemos! Somos as melhores porque somos as únicas a permanecer no jardim".
E finalmente o jardineiro colocou as flores do crisântemo na cesta. E todas voltaram a discutir - quem era a melhor.
Quando o jardineiro voltou para casa, começou a colocar todas as belas flores em um vaso. Primeiro colocou as rosas, se lembrando que elas foram as primeiras a desabrochar na primavera.
Em seguida colocou as margaridas e pensou como era maravilhoso vê-las todos os dias quando passeava pelo jardim.
E por fim colocou no vaso as flores do crisântemo. Ele estava ansioso para ver as flores do outono. Tinha esperado todo o verão para vê-las.
O jardineiro colocou o vaso sobre a mesa e disse: "Eu tenho o mais bonito buquê de flores. Cada uma delas é a melhor, mas juntas parecem perfeitas!".
E então as flores se deram conta que todo o tempo cada uma delas era o melhor que podia ser. Mas somente quando o jardineiro fez um buquê com todas, elas se tornaram especiais. E finalmente, todas ficaram muito felizes.
(Desconheço o autor)
Sinfonia de Outono...
É outono... a mágica estação do ano em que a natureza revela um especial esplendor.
Calmamente vou adentrando a alameda de plátanos dourados.
Um tapete amarelo-avermelhado espalha-se a meus pés...
...por onde sigo pisando tão calmamente, como num caminho perfeito,
num vagar calculado, com o firme propósito de saborear esses momentos
de pura e encantadora magia...
Um cenário perfeito para reflexões e versos que me me vêm à mente...
Imagino se existe um portal no paraíso... então este deve ser o portal do paraíso...
Longos soluços dos violinos de outono
Ferem meu coração com langor monótono...
E choro, quando ouço, ofegando, bater a hora,
lembrando os dias, as alegrias e ais de outrora.
E vou-me ao vento que, num tormento
me transporta de cá para lá, como faz a folha morta.
(Verlaine)
As Cores De Abril
As cores de abril
Os ares de anil
O mundo se abriu em flor
E pássaros mil
Nas flores de abril
Voando e fazendo amor
O canto gentil
De quem bem te viu
Num pranto desolador
Não chora, me ouviu
Que as cores de abril
Não querem saber de dor
Olha quanta beleza
Tudo é pura visão
E a natureza transforma a vida em canção
Sou eu, o poeta, quem diz
Vai e canta, meu irmão
Ser feliz é viver morto de paixão
(Vinicius De Moraes / Toquinho)
O outono já chegou - aos arrufos do vento
as folhas num desmaio embalam-se pelo ar...- vão caindo... caindo... uma a uma, em desalento
e uma a uma, lentamente, vão no chão pousar...
O céu perdeu o azul - vestiu-se de cinzento
e envolveu na neblina a luz baça do luar...
- na alameda onde vou, de momento a momento,
há um gemido de folha a cair e a expirar...
O arvoredo transpira as carícias dos ninhos,
e o vento a cirandar na curva das estradas
eleva o folhareu no espaço em redemoinhos...
Há um córrego a levar as folhas secas em bando...
- e à aragem que soluça entre as ramas curvadas,
parece que o arvoredo em coro está chorando!...
(J.G. de Araujo Jorge)
CANÇÃO DE OUTONO
Perdoa-me, folha seca,
não posso cuidar de ti.
Vim para amar neste mundo,
e até do amor me perdi.
De que serviu tecer flores
pelas areias do chão,
se havia gente dormindo
sobre o próprio coração?
E não pude levantá-la!
Choro pelo que não fiz.
E pela minha fraqueza
é que sou triste e infeliz.
Perdoa-me, folha seca!
Meus olhos sem força estão
velando e rogando áqueles
que não se levantarão...
Tu és a folha de outono
voante pelo jardim.
Deixo-te a minha saudade
- a melhor parte de mim.
Certa de que tudo é vão.
Que tudo é menos que o vento,
menos que as folhas do chão...
(Cecília Meireles)
Poesia de Outono!
O outono já chegou - aos arrufos do vento as folhas num desmaio embalam-se pelo ar...- vão caindo... caindo... uma a uma, em desalento e uma a uma, lentamente, vão no chão pousar...
O céu perdeu o azul - vestiu-se de cinzento e envolveu na neblina a luz baça do luar...
- na alameda onde vou, de momento a momento, há um gemido de folha a cair e a expirar...
O arvoredo transpira as carícias dos ninhos, e o vento a cirandar na curva das estradas eleva o folhareu no espaço em redemoinhos...
Há um córrego a levar as folhas secas em bando...
- e à aragem que soluça entre as ramas curvadas, parece que o arvoredo em coro está chorando!...
(Jorge de Araújo)
Canção do Outono
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010
domingo, 31 de janeiro de 2010
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Lilás
Uma antiga lenda grega refere que o jovem Deus Pã, que era o Deus das florestas e dos campos, conheceu uma bonita ninfa de nome Syringa. Ele admirou a sua graça e beleza e decidiu falar com ela, contudo a ninfa assustou-se e fugiu. Ele tentou apanhá-la, mas de repente, ela transformou-se num arbusto aromático lilás. Pã desatou a chorar ao lado do arbusto. A partir daí, vagueava nas florestas e tentava fazer o bem a todas as pessoas. O nome "Syringa" tornou-se na palavra latina "lilás".
Uma outra lenda diz que as flores do lilás chegaram até nós quando a Primavera retirou a neve dos campos e o arco-íris surgiu por cima da Terra. De seguida a Primavera colheu alguns raios solares e misturou-os com os raios do arco-íris lançando-os sobre a Terra. Quando a Primavera chegou ao Norte, tinha apenas as cores branca e violeta. Encontrava-se em terras Escandinavas e então lançou a cor lilás aos arbustos mais pequenos, que imediatamente se cobriram de pequenas flores lilases. Depois fez o mesmo com a cor branca e os arbustos cobriram-se de pequenas flores desta cor.
Lilás vem da palavra grega "syrinx" que significa "tubo", pois os pastores da floresta dos lilases faziam tubos. Mas Na Rússia é chamado também de "sinel" que vem da palavra "azul", uma vez que a sua cor resplandecente define uma tonalidade das plantas.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Jasmim
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
De Flor em Flor
O amor pra judiar de mim
Deu à flor um cheiro de jasmim
De um punhado de areia branca
com lendas e conchas
Fez prisão pro mar
E a brilhar assim
Tudo aqui parece dele vir
Um ator, um retrato, o mato
O fim do ato
Um prato feito pra cuspir
E pra render alguém
Tem no olhar
Uma faca que fez
Com a liga do aço inox
A intriga do box
Que é toda a paixão
Foi coroado rei
No amor simples vontade é lei
Uma coisa que amarga
Ou será que trava
Tão doce que enjoa
Só sei que o amor enfim
De flor em flor
Fez você pra mim
Composição: Djavan
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